quarta-feira, 10 de abril de 2013

Cantador (de sentimentos escondidos)

        Este texto foi apresentado às turmas, no dia 10 de abril. Ele faz parte da proposta do projeto "Aprendendo, com Mùsica e Poesia".

 Esta pequena história foi contada pelos meus bisavós, que contaram aos meus avós que, por sua vez, recontaram aos meus pais, que me contaram de novo.. Agora a conto a você.
         Era um tempo em que Alvorada do Norte era uma cidade pequena e próspera Vivia seus dias de trabalho  e mansidão alternados, como se alternam os dias e as noites, o sol e a lua, a chuva e o vento.
         O que aconteceu é que naquele belo dia a cidadezinha amanheceu  de um jeito um tanto diferente. Uns minutinhos antes das dezenas de galos soltarem seus cocoricós costumeiros, as pessoas da minha cidade, ainda abraçadas a seus travesseiros ou mesmo de pé, no preparo da labuta do dia, ouviram algo diferente adentrando por portas e janelas ainda fechadas. “Acorda, Maria Bonita / Levanta vai fazer o café / que o dia já vem raiando / e a polícia já está de pé ...
         Mais ou menos no ritmo de um leve susto e do escuro se encontrar com o claro daquela manhã, os alvoradenses foram se dando conta do que acontecia: “ Meu coração / não sei por que / bate feliz / quando te v^/ E os meus olhos ficam sorrindo / pelas ruas / vão te seguindo / Mas mesmo assim / foges de mim...”
         Vou contar logo, porque não é fácil de explicar. Pelas ruas poucas da cidade passava naquele dia, como aparição, miragem, encomenda, um presente dos deuses. Era um jovem cantador.
         O que mais sei do que foi dito é que ele apenas falava bem falado, cantava pelo ar palavras bem bonitas que deixavam  todo mundo encantado, curioso, incomodado. Umas pessoas riam, outras se aborreciam e ainda outras experimentavam emoções pouco sentidas: Logo que alguém abria a janela, soltava: “Menina, minha menina / faz favor de entrar na roda / canta um verso bem bonito / diga adeus e vá-se embora...”
         Vez por outra ele surpreendia  seu cantar misturando-o com um achado pelo caminho. Rodopiando e declamando, cheirava solenemente uma flor e a entregava ao seu ouvinte – especialmente se fosse uma bela garota – como um adereço.
         U várias vezes pelas ruelas principais entoando com cerimônias de gesto e voz algumas preciosas palavras que tocaram de perto os sentimentos das crianças, dos jovens e dos adultos. E depois, sem passe de mágica, nem mais, nem menos, sem dizer adeus a ninguém, ele foi embora: “Adeus amor eu vou partir / ouço ao longe um clarim...”
         Desapareceu pelo ziguezague das estradas, com seu maracatu de corpo. Acho que ele foi encantar outros corações em outros lugares, penso eu...
         O que sei, com certeza, é que até hoje, quando escuto um barulho diferente na minha rua, que já não é a mesma de outrora, seja de vento leve na folhagem, passarinho querendo fazer ninho ou até mesmo de alegria inventada, levanto bem de mansinho e espreito na minha janela para ver o cantador de palavras bonitas passar.

Antonio Gil Neto, versão 2007.


Atividades relacionadas ao texto, desenvolvidas, no dia 10 de abril, com o 4º ano E:
- Leitura silenciosa;

- Reflexão oral sobre o texto,

Questionamento: o que gostaram no texto?
- A música, porque o autor fez com carinho (Everton)
- O ritmo da música, porque é bem alegre, bem legal; (Cauê)
- Do título, porque é inspirado no cantador, que falava de sentimentos escondidos (Endrio);
- Da música, porque encontrou uma garota e se apaixonou. (Endrio);
- Tem música e as pessoas se alegram (Pierre).

Para tema: solicitei que trouxessem trechos da música, que mais gostam.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário